Qualquer autor nacional com aspirações ao prelo certamente idealizará o seu nome impresso a ouro e em destaque nas livrarias do país, partilhando as estantes com algumas das mais excelsas figuras literárias da espécie humana, e palmilhando um caminho duro e solitário rumo aos divinos e resplandecentes portões do Olimpo das Letras.

Quem nunca se pintou a cores garridas em conversa com o Poeta, desfiando os meandros d’O Livro do Desassossego, ou simplesmente conjecturando acerca dos arcanos universais? Pois bem: que melhor forma de difundir em Português uma criação própria de Demiurgo do que através da arte e do engenho de algumas das mais sublimes casas dedicadas à publicação de livros?

Relógio d’Água

Com um dos mais ricos reportórios do universo editorial português, a Relógio d’Água dispõe de uma miríade de colecções consagradas aos mais diversos domínios da escrita: Filosofia, Ciência, Literatura Portuguesa, Teatro, Clássicos Russos. Esta última, constituindo indubitavelmente uma das jóias da coroa, muito em virtude das imaculadas traduções de Nina e Filipe Guerra, abarca romance, verso, drama e conto, incluindo não só os autores de sempre (Doistoievski, Tchékhov, Turguénev, Tolstói, Púchkin), como ainda outros mais ou menos marginalizados entre a mole dos leitores nacionais: Búnin, Chmeliov, Bábel, Akhmátova, Bulgákov.

Cavalo de Ferro

De um lado, um rol inspirador de trabalhos redigidos por mulheres e homens agraciados com o Nobel da Literatura, nomeadamente Hamsun, Lagerlöf, Tokarczuk, Gide, Hesse, Andrić, Pirandello, Laxness; do outro, algumas das mais afamadas colectâneas de short stories de sempre (Contos de Amor, Loucura e Morte ou Trold: Histórias dos Mares do Norte). Ao centro, uma série de demais autores de referência, tais como Julio Cortázar, Ferreira de Castro, Ludmila Ulitskaya e Jon Fosse.

Edições do Saguão

Sobre a Ediçoes do Saguão, asseveram os seus responsáveis que «Publica pouco, mas bem.» Um mote que se estende não apenas ao número de obras publicadas, mas também à quantidade propriamente dita de exemplares, visto ser prática comum reduzir-se cada edição a não mais de 400 ou 500 espécimes. Do seu catálogo sobressaem trabalhos de Alberto Pimenta – porventura em especial a sua antológica tradução de A Balada do Velho Marinheiro (S.T. Coleridge) –, Antero de Quental, Rainer Maria Rilke e Emily Dickinson.

Quetzal

No plano da literatura traduzida, a Quetzal destaca-se pelas contribuições de Vasco Graça Moura e Frederico Lourenço; este uma autoridade no domínio das Línguas Clássicas e responsável por traduzir não só Homero e Vergílio, como também a Bíblia e os Evangelhos Apócrifos; aquele uma referência cujo legado conta com traduções de vultos como Molière, Rilke, Dante, Petrarca e Shakespeare. 

Assírio & Alvim

São mais de 50 anos a brindar o mercado literário português com um sem-número de escritores unanimemente considerados como pilares fundacionais do cânone poético e prosaico ocidental: Goethe, Melville, Kafka, Novalis, Safo, Gógol, Louis Stevenson. A editora conserva um conjunto apreciável de secções estilisticamente variadas, se bem que umas quantitativamente mais representadas do que outras. Sublinhemos, entre outras, as categorias:

  • ‘Assíria’, contendo traduções para Língua Portuguesa de textos bíblicos e hindus, assim como a epopeia Beowulf e o Épico de Gilgameš;
  • ‘O Imaginário’, uma constelação polvilhada de estrelas cintilantes como Pasolini, Mishima ou Tennessee Williams;
  • ‘Gato Maltês’, com um intrigante e mesclado recheio de prosa e verso.